#1 ‘The Art of Collecting Architecture: From Drawings to Real Estate’_’Collecting Architectural Ideas’ de Niall Hobhouse com Álvaro Siza

A partir das práticas de coleccionismo do Renascimento através do estabelecimento de museus públicos modernos, formas de arte como escultura e pintura lentamente encontraram o seu lugar nas convenções culturais e económicas das exposições. Movidas para museus e incorporadas em colecções, as obras de arte produzidas para experiências site specific há muito que se naturalizaram no seu habitat cultural actual. A arquitectura, no entanto, permaneceu como um desafio para o mundo moderno de coleccionar e expôr. A arquitectura exposta normalmente envolve questões de representação, enquanto a maioria das obras de arte pode ser apresentada como algo real, quer seja deslocada ou produzida para um mercado versátil. Exposta e coleccionada, a arquitectura geralmente diz respeito ao trabalho (oeuvre) em vez da obra (ouvrage), emprestando uma distinção de Jean-Louis Cohen: o projecto, o design, a maqueta, os desenhos, as fotos, o trabalho intelectual, em oposição à obra construída.

As questões de descontextualização são criticamente destacadas no que diz respeito à arquitectura coleccionada e exposta, não apenas devido à escala, ao peso e ao inexorável ancoramento da estrutura construída no seu local de origem, mas também em relação à autoria e propriedade. Além disso, a transacção económica da arquitectura tradicionalmente desenrola-se de maneira diferente da dinâmica do mundo da arte. A questão espinhosa de saber se a arquitectura pertence entre as belas artes tem sido disputada em diferentes aspectos, dentro de diferentes contextos teóricos, estéticos e institucionais, de posições conflituantes e apoiadas por vários interesses. A construção iluminista do desinteresse estético continuou a informar as nossas concepções de arquitectura como uma arte útil ou aplicada e definitivamente investida como interesse, na realidade impossível de entender sem a óptica da utilidade. O desapego da experiência estética da esfera do útil nunca foi realmente aplicado à arquitectura.

O fenómeno de leiloar arquitectura, como arte, expande o campo da publicidade, venda, coleccionismo e exposição da arquitectura. Leiloada como arte, o objecto arquitectónico está a ganhar uma nova forma de exposição que coloca uma questão de valor em relação ao património, historiografia e canonização.

O ciclo de conferências e conversas “The Art of Collecting Architecture: From Drawings to Real Estate” pretende debater o estado da arte do coleccionismo privado de arquitectura no panorama internacional, desde desenhos e maquetas a edifícios de autor, com alguns colecionadores de referência na área.