Nem sempre, ao longo da história, as ferramentas às quais os arquitectos recorreram para exprimir as suas ideias foram as mais abrangentes. Os suportes tradicionais de representação de projectos de arquitectura fixaram-se por serem aqueles que se revelavam de maior universalidade e rapidez de leitura. Contudo, com a aproximação à época contemporânea e com a evolução das técnicas construtivas e ferramentas de projecto, as formas complexificam-se e os modos tradicionais de representar os edifícios tendem a deixar de ser suficientes para alguns arquitectos, devido à natureza das formas que criam e ao presente contexto tecnológico.
É pertinente, em resumo, questionarmo-nos sobre a evolução da prática projectual para entender qual a relação entre o projecto com a sua comunicação, como algo que tem apoio na matriz histórica da arquitectura e na problemática da representação. Não é óbvio perceber qual poderá ser a calibração desta relação e em que momentos deve ser dado mais destaque a uma ou a outra. Em verdade, a comunicação do projecto não deverá suplantar a arquitectura em si, e não pode também ser tornada como um fim. Também não parece acertado que se deva separar totalmente as duas e que se torne a comunicação como uma “camada” que se acrescenta “por cima” da arquitectura, para conquistar simpatia da audiência. Para que a ideia arquitectónica seja interpretada com sucesso a todos os níveis, é imperativo que a sua coerência se evidencie, numa relação mediada pelo design.
Poderá a preocupação com a comunicação ser um obstáculo à criação de boa arquitectura, ou deverão as duas fundir-se para que o resultado final seja mais forte e consistente?