“Manhattan, as we call it” é uma apresentação cinematográfica do projecto arquitectónico mais importante no acervo de Jadwiga Grabowska-Hawrylak, uma notável arquitecta polaca que, embora tenha criado do outro lado da Cortina de Ferro, estudada por especialistas, ainda não teve a oportunidade de ter reconhecimento do público internacional.
“Considero que o meu sucesso advém do próprio facto da obra arquitectónica conseguir provocar discussões acirradas no meio profissional mas sobretudo entre os habitantes de Wrocław. No início ficaram um pouco desconfiados, acompanhavam o andamento das obras, depois durante muito tempo observavam os edifícios acabados. No final, aceitaram-nos, a desconfiança deu lugar ao patriotismo local”, disse a autora.
Além da forma incomum, os edifícios apresentavam muitas soluções funcionais interessantes – as mais significativas delas eram os “centros comunitários” localizados nas superestruturas acima dos pisos residenciais. As salas de convívio ali concebidas – com terraços e vista de toda a cidade numa perspectiva com mais de 50 metros – destinavam-se a servir todos os residentes: como salas de recreio e entretenimento, locais de encontro da comunidade local, bem como um espaço onde todos – mediante reserva prévia – pudessem organizar uma reunião de família.
A acção do filme passa-se, entre outros, num dos centros comunitários actualmente abandonados e fornece um pretexto para conhecer moradores que vivem nestes edifícios extraordinários. Como se vive num “monumento” digno dum postal?
Os protagonistas do filme são habitantes dos edifícios, arquitectos e especialistas na arquitectura de Jadwiga Grabowska-Hawrylak, curadores de exposições, funcionários da administração dos edifícios e a família da autora. Conheceremos também o ponto de vista de Chris Niedenthal, excelente fotógrafo britânico, repórter de transformação dos países do Leste Europeu nos anos 70.
A pandemia teve um forte impacto nos planos relacionados com o filme, portanto, em vez dos bairros movimentados, vemos ruas desertas, poucos carros e pessoas com máscaras. É assim que se vive em Manhattan de Wrocław hoje. E como tem sido nos últimos 50 anos? Convidamos a conhecer por dentro a história da Manhattan polaca.